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A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da sua condição.

Aristóteles



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teoria sobre acordes: aberturas, rearmonização
teoria sobre acordes: aberturas, rearmonização

 

Instrumentos Harmônicos

As principais preocupações para músicos de instrumentos harmônicos/polifônicos, ou instrumentos que podem facilmente tocar mais de uma nota de cada vez, como o piano, órgão, violão, e os vários instrumentos da família do xilofone, são aberturas de acordes (ou voicing), rearmonização, e acompanhamento rítmico.

Aberturas de Acordes

No jazz, quando o músico pede um acorde Cmaj7, isso quase nunca significa que um pianista deva tocar "Dó Mi Sol Si". Geralmente, o pianista escolhe alguma outra maneira de tocar esse acorde, mesmo que seja simplesmente uma inversão da posição fundamental do acorde. Livros inteiros foram escritos sobre o assunto de abertura de acordes ("voicing" em inglês). A discussão aqui somente arranha a superfície das possibilidades. Eu categorizei vagamente as aberturas descritas aqui como aberturas 3/7, aberturas em quartas (ou quartais), poliacordes, aberturas de posição fechada e aberturas drop, e outras aberturas baseadas em escalas.

Rearmonização

Um músico no acompanhamento pode ocasionalmente rearmonizar uma progressão de acordes para sustentar o interesse, introduzir um contraste, ou criar tensão. Isso envolve substituir alguns dos acordes grafados ou esperados por outros acordes. Uma substituição, como a substituição pelo trítono, é um tipo de rearmonização.

Alguns músicos passam muito tempo tentando diferentes rearmonizações ao trabalhar numa música. Entretanto, a menos que digam de antemão ao solista o que vão fazer, muitas das rearmonizações que eles podem oferecer não são práticas para uso num acompanhamento, já que o solista vai estar tocando a partir de um conjunto diferente de mudanças de acordes. Há algumas rearmonizações simples que podem ser usadas sem perturbar muito o solista. A substituição pelo trítono é um exemplo; toda vez que um acorde de sétima da dominante é pedido, o músico de acompanhamento pode substituí-lo pelo acorde de sétima da dominante a um trítono de distância. Isso cria exatamente o mesmo tipo de tensão que é criada quando o solista faz ele mesmo essa substituição. Uma outra rearmonização simples é mudar a qualidade do acorde. Ou seja, tocar um D7alt no lugar de um Dm, e assim por diante.

Outra rearmonização comum é substituir um acorde da dominante por uma progressão ii-V. Isso já foi demonstrado quando discutimos a progressão de blues; uma das progressões substituiu o acorde F7 no compasso 4 por um Cm7 - F7. Isso é especialmente comum no fim de uma frase, levando à tônica no começo da próxima frase. A maioria das opções de escala que os solistas possam estar usando sobre um acorde F7 também funcionarão sobre o acorde Cm7, por isso essa rearmonização geralmente não cria muita tensão. Essa técnica pode ser combinada com a substituição pelo trítono para criar uma rearmonização mais complexa. Em vez de substituir o V por um ii-V, primeiro substitua o V pelo acorde a um trítono, e aí sim substitua esse acorde por um ii-V. Por exemplo, no compasso 4 do blues em Fá, primeiro troque o F7 pelo B7, e então troque isso por F#m7 - B7.

Outro tipo de rearmonização envolve o uso de alternação. Em vez de tocar vários compassos de um dado acorde, o músico no acompanhamento pode alternar entre ele e o acorde meio tom acima ou abaixo, ou um acorde da dominante uma quinta abaixo. Por exemplo, num acorde G7, você pode alternar entre G7 e Ab7, ou entre G7 e F#7, ou entre G7 e D7. Isso é especialmente comum nos estilos baseados no rock, em que a alternação é executada ritmicamente. Se a alternação é executada regularmente, como por exemplo no decorrer de um chorus inteiro, ou mesmo a música inteira, o solista precisa ser capaz de captar isso e controlar a quantidade de tensão produzida, tocando junto com a rearmonização ou tocando contra ela. Ou seja, o solista pode reduzir a tensão trocando escalas à medida que você troca de acordes, ou aumentar a tensão mantendo a escala original.

Acompanhamento Rítmico

Uma vez que tenha decidido que notas quer tocar, você precisa decidir quando tocá-las. Não dá para tocar simplesmente semibreves ou mínimas; o seu acompanhamento precisa em geral ser ritmicamente interessante, sem no entanto distrair o solista ou o ouvinte.

Há poucas instruções que possam ser dadas para se tocar acompanhamento com ritmo. Como há muito pouca teoria em que se escorar, a primeira fração de conselho que eu posso dar é ouvir a outros músicos de acompanhamento. Com muita frequência, tendemos a ignorar todos, exceto o solista. Lembre-se de escolher álbuns que tenham músicos que, além de fazer o acompanhamento, façam solos instrumentais. Entre os pianistas a serem ouvidos devem estar Bud Powell, Thelonious Monk, Horace Silver, Bill Evans, Wynton Kelly, Herbie Hancock e McCoy Tyner. Os pianistas devem também ouvir guitarristas e músicos de vibrafone ou xilofone; geralmente os limites desses instrumentos podem levar a ideias que você não teria de outra maneira.

Guitarristas devem ouvir pianistas, mas também guitarristas de jazz como Herb Ellis, Joe Pass, e Wes Montgomery. Geralmente, os guitarristas trabalham paralelamente aos pianistas, e o estilo deles quando há um pianista no grupo pode variar em relação a como eles tocam quando são o único instrumento harmônico no acompanhamento. Por exemplo, alguns guitarristas tocam somente acordes curtos em cada tempo se houver um pianista tocando a maior parte do material rítmico. Outros ficam de fora (param de tocar) completamente. Por esse motivo, é especialmente importante ouvir guitarristas em diferentes tipos de contexto.

Também se deve ouvir gravações que não têm nenhum acompanhamento harmônico, como qualquer um dos vários álbuns de Gerry Mulligan, Chet Baker, ou até mesmo do quarteto Ornette Coleman. Tente tocar junto com eles. Isso vai muitas vezes ser difícil, já que a música foi gravada com o entendimento de que não haveria acompanhamento harmônico, por isso os solistas e outros que estão fazendo o acompanhamento geralmente deixam pouco espaço para um piano ou violão. Praticar o acompanhamento nesse tipo de situação pode ajudar você a evitar exagerar no acompanhamento. A maioria dos músicos iniciantes de acompanhamento, como muitos solistas iniciantes, tende a tocar notas em excesso. Do mesmo modo que o espaço pode ser uma ferramenta eficiente durante um solo, pode ser ainda mais eficiente quando se está acompanhando. Deixe o solista tocar com somente o baixista e o baterista durante uns poucos compassos, ou mais, de vez em quando. Ficar de fora e deixar o solista sem acompanhamento de instrumento harmônico é às vezes chamado de strolling (passear). McCoy Tyner, Herbie Hancock e Thelonious Monk frequentemente ficavam de fora durante solos inteiros.

Imaginar a si próprio exercendo um papel secundário no arranjo de uma grande banda às vezes ajuda. Quando estiver confortável com uma progressão de acordes específica, e não mais tiver que se concentrar integralmente somente em tocar as notas "certas", você poderá dedicar-se ao conteúdo rítmico e até melódico de seu acompanhamento. Ouça os acompanhamentos de sopros em algumas gravações de orquestras de jazz, como as de Count Basie, para ver como o acompanhamento pode ser melódico.

Certos estilos de música pedem padrões rítmicos específicos. Por exemplo, muitas formas de música antes da Era do Bebop usavam o padrão stride na mão esquerda, que consiste em alternar a nota do baixo em 1 e 3 com uma abertura de acorde em 2 e 4. Muitos estilos baseados no rock também dependem de padrões rítmicos, geralmente específicos de uma música individual. Embora os estilos brasileiros como a bossa nova e o samba, na maneira como tocados pela maioria dos músicos de jazz, não tenham padrões de acompanhamento bem definidos, outros estilos de jazz latino, especialmente as formas afro-cubanas que são às vezes coletivamente conhecidas como salsa, usam um motivo repetido de dois compassos, chamado montuno. Um padrão rítmico típico é o "e-do-1, e-do-2, e-do-3, e-do-4; 1, 2, e-do-2, e-do-3, e-do-4". Esses dois compassos podem ser invertidos se o padrão de bateria utilizado (ver abaixo) também for invertido. Uma descrição integral do papel do piano no jazz latino e outros estilos está fora do escopo desta Introdução. Uma boa discussão pode ser encontrada no livro The Jazz Piano Book, de Mark Levine.

O aspecto mais importante do acompanhamento na maioria dos estilos é como se comunicar com o solista. Há várias formas que essa comunicação pode assumir. Por exemplo, há a pergunta e resposta, em que você essencialmente tenta ecoar ou responder o que o solista tocou. Isso é especialmente eficiente se o solista estiver tocando frases curtas, simples, com pausas entre elas. Se o solista estiver trabalhando num motivo rítmico repetido, geralmente dá para antecipar o eco e tocar na verdade junto com o solista. Às vezes você também pode conduzir o solista a direções que de outro modo ele poderia não ter tentado. Por exemplo, você pode iniciar um motivo rítmico repetido, o que pode encorajar o solista a ecoar você. Alguns solistas gostam desse tipo de acompanhamento agressivo, outros não. Você terá que praticar com cada solista para ver até que ponto poderá conduzi-lo.